quinta-feira, 15 de abril de 2010

Águas de origem

Enquanto a reação flui, o coração repousa sob árduos espinhos de desejos. O tempo transcorre como a areia suja da ampulheta enferrujada trazida pelo mar. Os sonhos entrelaçam-se como serpentes ávidas por sua própria carne. A certeza pela dúvida asperge o sopro de esperança pelo amanhã. Quando ao ápice refúgio os sinos tocam, a afluente dor do segundo navalha os epifânios devaneios mentais. Os reflexos que pretendem ao início singelo concebem complexos ornatos limitantes de prosa, muito porque da honra a quem é meta, extintos sensíveis ao fim. Verossímeis invasões disparam em direção oposta ao curso despido de fatos. O leito das águas infiltra distorcido no pulsar dos sentidos. Quanta vazão revolvida em impetuoso mistério viver. Quanta solidão no elemento descrito que rege a memorar. No prelúdio palco das ficções, as pilhérias são tiras a ressonar no infinito vazio do padecer.

2 comentários:

  1. Nêne!
    Tu que regas a imaginação dos leigos
    Que ampara o sofrimento da alma vazia
    Que dá corda aos relógios dos ventos
    E transforma o silêncio em poesia
    O que seria do homem se não fosse tempo?
    Pobre lua deserta na escuridão dos pensamentos

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  2. Nêne, tu que escreves tão formosa
    Que faz da voz o canto da alma
    Expressa o corpo afável e sereno
    Faz dos lábios desenhos infantís
    O que seria de mim sem o vento afetuoso de suas asas?

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