quinta-feira, 27 de maio de 2010

Exorcizando Demônios


De alguma forma, felizmente não entendida em detalhes, fomos criados pelo universo. Este, por sua vez, exerce nítida influência sobre nosso comportamento singular (Coeteris paribus). Algumas vítimas ou privilegiados, dependendo do ângulo de análise, conseguem transfixar os sentimentos desconhecidos desta origem em formas “humanas”, o que podemos denominar de “dom”. Portanto, a meu ver, dom é a aptidão inata ou adquirida de transferir e veicular algo proveniente do universo criador de forma “materializada” (Refiro-me as questões artísticas). A escrita enquadra-se nesta definição, e como proponho, não é particularizada; daí a importância (obrigação) da irradiação de qualquer manifestação cultural. Sinto que exorcizar demônios tem como objetivo racional a reflexão dos sentimentos provenientes desta imensidão desconhecida que nos cabe (e acreditem, nos cabe pouco). Estas informações, como mencionado, muitas vezes são desconexas a olhos desarmados. A questão é: Quem abrirá os olhos da multidão sonolenta guiada por primitivos extintos de sobrevivência?



Fisiologicamente necessitamos esquecer acontecimentos sem importância para lembrarmo-nos de utilidades. “Elementalmente” precisamos exorcizar demônios para que outros possam chegar, e assim sucessivamente. Esta transferência é enriquecedora energeticamente: para o universo, o leitor e o escritor. Meus demônios poderão ser os seus amanhã, assim como poderemos captá-los dos de outrem. O mais deslumbrante deste processo é a hibridização destes a cada estadia humana (Afinal, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma), o que os tornam infinitos por todos os tipos de fontes.



O combustível para percepção cíclica deste fenômeno deve ser alimentado, portanto os sinais jamais deverão ser ignorados. Não é necessária uma mudança de vida, mas é imprescindível que a magia de cada segundo vivido seja potencializada. Por fim, chego à aprazível idéia de que estar é mais considerável que ser, e talvez o seu reverso seja o grande desafio da humanidade.

2 comentários:

  1. Pensei outra coisa tb. Temos algo dentro, este demônio que precisa ser escrito e exorcizado e que é como uma pérola a ser extraída. E há quem pense "Mas não devo doar pérolas aos porcos". Então não escreve, não exorciza. Creio que se os porcos tivessem mais pérolas disponíveis, não se contentariam com lavagem e sobra. E mais pérolas seriam regurgitadas.
    O ponto é: não interessa se é pérola, interessa onde está!

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